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terça-feira, 17 de agosto de 2010

Aranea Tece Sua Teia

Primeiro de tudo, terá de observar de perto, pois ela se movimenta rápida e decisivamente. Sua primeira consecução tem de ser a de garantir o fio principal ou “fio de ponte” a partir do qual elaborará os fios suspensores de sua teia.

Talvez se admire de sua escolha do local — bem em cima dum riacho! Por que não escolher um lugar mais fácil? Pelo que parece, porém, ela conhece o valor de fixar sua rede sobre uma “rota aérea dos insetos”.

Como conseguirá fazer o fio atravessar o riacho? Está vendo-a empoleirada sobre aquele raminho e erguendo seu ventre no ar? Está lançando um fio de seda, que a brisa erguerá como um papagaio, ao continuar a “dar mais linha”. Segurando o fio pela garra de uma pata, ela sente quando toca em algo no outro lado da corrente. Atingido seu objetivo, ela puxa a parte frouxa do fio e assim obtém sua corda estirada sobre a água.

Partindo deste fio de ponte, quão rápido coloca os fios suspensores, formando um retângulo (outros apoios mais tarde esticarão isto num formato multilateral)! Agora, observe como ela vai ao centro do fio superior deste retângulo e, presa a um fio de seda, lança-se através do ar até o meio do fio inferior.

Dividido ao meio o retângulo, ela vai ao centro desta linha divisória e liga outro fio. ‘Como é que ela encontra o meio sem uma fita métrica?’ talvez pergunte. Essa é uma boa pergunta, mas ninguém conseguiu achar a resposta!

De qualquer modo, deste ponto médio, a Aranea vai soltando seu fio e sobe para o fio suspensor superior. Percorrendo este fio por breve distância a partir de seu ponto central, ela pára e prende o novo cabo. (Veja o Diagrama N.° 1.) O Primeiro “raio” duma roda geométrica acaba de ser formado.

Para cada raio, ela retorna ao ponto central ou calota e solta um fio por andar pela teia recém-formada. Observe que esta pequena engenheira coloca um raio do lado direito e então o próximo do lado esquerdo — alternando-se para manter a tensão equilibrada até que todos os raios estejam colocados! Todos os vinte e cinco (ou mais) são maravilhosamente eqüidistantes, quando se considera a velocidade e as condições de trabalho.

Depois de fortalecer o centro com fios espirais, D. Aranha parece então perder interesse. Começando perto do centro, ela deposita uma espiral bruta, bem espacejada, através dos raios. Artesanato descuidado? Não, pois esta espiral é simples “andaime” — um tablado do qual fazer o difícil trabalho de acabamento. A Aranha desmontará este andaime à medida que cada parte dele não seja mais necessária.

Agora, partindo de um ponto próximo à beirada do retângulo, ela trabalha em espiral em direção ao centro. Para esta tecedura circular, ela passou para uma seda elástica, revestida de cola. Durante anos, esta tecedura pegajosa deixou atônitos os naturalistas. Por quê? Porque cada segmento possui gotículas de cola exatamente eqüidistantes umas das outras.

Como poderia esta criaturinha medi-las tão precisamente? Daí, por fim, descobriu-se o segredo. Depois de D. Aranha ter lançado seu fio besuntado de cola entre dois raios, ela o dedilha ou “tange” como uma corda de violino. A vibração separa a cola em gotículas eqüidistantes!

Assim a Aranea se move lentamente de raio em raio, em círculos concêntricos, atando, passando cola e tangendo cerca de 13.000 destes curtos fios pegajosos. Por fim, depois de alguns toques finais fica pronta para o último passo: instalar o serviço “telefônico”.

Ela então estica sedoso “fio telefônico” de sua teia até seu esconderijo — amiúde sob uma folha próxima. Visto que Aranea não consegue ver muito bem, depende muitíssimo de seu excepcional sentido de tato. Quando um inseto voa para dentro da teia e fica preso ali, ao debater-se ele envia vibrações pelo “fio telefônico”, informando D. Aranha de que sua “mercearia” acaba de ser suprida.

Com efeito, visto que tais vibrações são o sinal para as refeições, quando o Sr. Aranha vem cortejar, sabiamente toca pequena “melodia” na beira da teia. Esta “serenata” impede que sua amada, de vista curta, salte sobre ele!

Ao considerar a engenharia e o artesanato da Aranea, talvez ache difícil de crer que foi necessária menos de uma hora para a inteira operação. Pode imaginar qualquer homem ser capaz de lançar e montar uma rede sobre amplo rio em uma só hora — fabricando sua própria corda, cola e sistema “telefônico” ao mesmo tempo?

Ainda mais surpreendente é que a Aranea não se incomodará em consertar as coisas quando os insetos despedaçam sua rede. Ela remove toda a teia de sua armação e fabrica uma nova! Comumente, ela faz isso a cada vinte e quatro horas. Como consegue continuar fazendo isso? De onde vem toda aquela seda?

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