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quarta-feira, 21 de abril de 2010

Gostaria de conhecer uma naja?




Do correspondente de Despertai! na Índia

GOSTARIA mesmo? A maioria dos adultos diria que não. Mas não uma criança. Medo de cobra, incluindo a naja, não é característica instintiva nem nas crianças nem nos animais. A aversão a cobras é causada por informações em que não se pode confiar, histórias exageradas, mitos e conceitos errôneos.

É claro que, quando o convidamos para conhecer uma naja, é a uma distância segura! As najas são altamente venenosas. Não iríamos querer nos aproximar de uma e estender a mão para acariciá-la. E não é provável que a naja ficasse esperando para nos receber; seria só ela perceber nossa aproximação para bater em retirada às pressas para um lugar seguro. Por isso vamos nos contentar em conhecer a naja só aprendendo alguns fatos fascinantes sobre essa interessante criatura.

As najas são répteis da subordem das serpentes e da família dos elapídeos, nome dado às cobras venenosas que têm presas sulcadas. Existem cerca de 12 espécies de naja, desde a Austrália, passando pelos trópicos da Ásia e da África, até a Arábia e as zonas temperadas. De longe, a mais temível das najas é a naja-real, ou hamadríade. Ela é a maior cobra venenosa do mundo, com três a cinco metros de comprimento. Prefere a densa vegetação da selva ou dos pântanos, onde a precipitação pluvial é alta, e é encontrada no sul da China, nas Filipinas, na Indonésia, na Malásia, em Myanmar e em certas regiões da Índia. A cauda preta retinta, faixas coloridas no corpo amarelo-esverdeado, mas que fica verde-oliva com a idade, e grupos de pintinhas no capelo lhe dão um aspecto muito bonito.

Outras espécies de naja variam de um a dois metros de comprimento. Nativa da Índia, e muito comum lá, é a naja-de-óculos, cujo desenho singular no capelo lembra um par de óculos. Ela pode ser preta, marrom-escura ou branco-amarelada, com uma ampla faixa escura na altura do pescoço e faixas pontilhadas de branco e amarelo em toda a extensão do corpo. A Naja naja kaouthia, encontrada tanto no Sri Lanka quanto no leste e no nordeste da Índia, tem cores mais suaves, e o capelo é menor e mais arredondado, com um único círculo branco. No noroeste da Índia e no Paquistão, existe uma naja de intensa coloração negra. Entre outras, a África tem a Hemachatus hemachatus (uma naja-cuspideira) e a naja egípcia. É possível que esta última, uma cobra de capelo escuro e estreito, tenha sido a áspide que causou a morte da Rainha Cleópatra.

As cobras só acasalam com membros de sua espécie, sendo atraídas por um característico odor de almíscar. A naja mostra mais interesse na família do que as outras cobras; o macho e a fêmea muitas vezes permanecem juntos. A fêmea da naja-real é uma das poucas cobras que se sabe que faz um ninho. Ela faz um monte de folhas de uns 30 centímetros de altura e ali põe de 20 a 50 ovos. Em seguida ela enrola o corpo em torno do ninho e fica ali, sem comer, pelos quase dois meses de incubação; em geral o macho também fica por perto. Outras najas não fazem ninho, mas ficam por perto dos ovos para protegê-los.

Os filhotes usam o dente de ovo, que mais tarde cai, para romper a casca e libertar-se. Ao saírem, são totalmente independentes, dotados de glândulas de veneno e presas plenamente formadas. A cobra projeta a língua várias vezes para fora da boca, agitando-a para captar partículas químicas do ambiente e depois transportá-las para o que se chama de órgão de Jacobson, no céu da boca. Esse órgão está relacionado com o olfato; a combinação de sabor e cheiro ajuda a cobra a localizar presas, encontrar um parceiro para acasalamento ou escapar de predadores.

O filhote cresce rápido e em pouco tempo muda de pele, porque a antiga fica apertada demais. Esse fenômeno incomum é repetido a intervalos regulares, já que a naja continua crescendo por toda a vida, que pode durar mais de 20 anos. Por uma ou duas semanas antes da muda, a cobra fica letárgica, com a pele fosca e os olhos azuis embaciados. Subitamente os olhos recobram o brilho de antes, e a cobra, esfregando a cabeça numa rocha, parte a pele velha na altura da boca. Em seguida, literalmente arrasta-se para fora da pele, deixando-a virada do avesso, da parte transparente que recobria os olhos até a cauda. Agora uma cobra cheia de vida, brilhante e com aparência de novinha em folha está pronta para prosseguir com suas atividades normais.

A temperatura ambiente afeta muito as najas. Quando esfria, elas ficam mais lentas e chegam a hibernar, movendo-se apenas quando a temperatura sobe. Calor demais pode matá-las. As najas, com exceção da naja-real, que se alimenta de outras cobras, comem ratos, camundongos, rãs, lagartos, aves e outros animais pequenos. A presa, depois de capturada, é imobilizada pela inoculação do veneno e ingerida inteira, porque a naja não mastiga. A elasticidade da pele e flexibilidade do maxilar lhe permitem engolir animais duas ou três vezes maiores do que sua cabeça. Para respirar, enquanto a boca está totalmente obstruída pela vítima, a cobra desloca a entrada da traquéia para a frente, para além da obstrução. É como o que o snorkel faz pelo nadador. Os dentes, em fileiras e voltados para trás, vão empurrando a presa para dentro do corpo da cobra, que se retira para um lugar sossegado para digerir lentamente o alimento, talvez ficando sem comer de novo por vários dias. A naja pode ficar meses sem se alimentar, utilizando a reserva de gordura de seu corpo.

As cobras são cautelosas. (Veja Mateus 10:16.) A defesa da naja é fugir, talvez rastejando para debaixo de uma rocha ou para dentro da toca abandonada por um rato, ou imobilizar-se para não ser notada. Num confronto, ela se empina e dilata o capelo, sibilando para amedrontar o inimigo, mas só pica como último recurso.

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