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terça-feira, 20 de abril de 2010

A Triste História de Sheena




Não foi nada animador, mais adiante, quando vimos outra leoa-da-montanha.

“Eis aqui uma triste história”, começou Martine. “O homem tinha um apartamento elegante — móveis em estilo Luís XVI, candelabros, sofás de seda branca, antigüidades, etc. Ele visualizou outra peça de ‘mobília’ — um elegante animal andando por entre toda essa opulência. Adquiriu uma filhote de leão-da-montanha. No entanto, ele não era capaz de entender a leão-da-montanha. O animal começou a fazer coisas comuns a tais filhotes. De modo que ele removeu as garras dela. Ela cresceu, mas ainda não se comportava conforme ele queria. As presas dela desapareceram a seguir. Isso não bastou, de modo que todos os seus dentes foram arrancados. Ele ainda não estava satisfeito, de modo que ela está aqui.”

Martine inclinou-se perto da jaula e disse brandamente: “Olá, Sheena.” O grande felino fitou-a desconsoladoramente, mas, com insistência, Sheena abriu bem a boca. Só gengivas, nem sequer um dente! Ao lado estava uma panela com mingau. “Preparamos a comida especial dela”, explicou Martine.

Ao deixarmos Sheena, Martine disse-nos espontaneamente: “Poucas pessoas sabem cuidar de animais de estimação selvagens. A maioria que os tem deixa a desejar. Não devido à crueldade deliberada, mas por ignorância, ou falta de cuidado, ou manias para satisfazer o orgulho pessoal, ou seja lá o que for.”

“Muitos”, disse eu, “são atraídos a tais magníficos e grandes felinos, ansiando tê-los como animais de estimação para acariciá-los. Compreendo o sentimento. Compartilho isso. Mas leões não são bichinhos de estimação. Destinam-se à vida nas selvas, não a salas de estar. Alguns, como aquele homem que mutilou Sheena, querem satisfazer seu próprio ego, e usam o animal para projetar uma imagem de masculinidade.”

Visitamos os lobos.

“Estes dois vieram de um zoológico. Aquele é de um parque cujo proprietário foi assassinado. Este encontramos acorrentado no quintal de alguém que morava no norte.” Enquanto falava, Martine interrompia a si mesma para cumprimentar a cada um dos lobos e obter uma reação deles.

“Os lobos são muito incompreendidos. Os que os possuem fazem toda sorte de coisas erradas, violam o comportamento social do animal, interferem com a alimentação ou com seu parceiro. Ele reage, acaba mordendo alguém.” Após uma pausa, continuou: “Sinto pena dos lobos. São muito exuberantes, são corredores, devoram quilômetros. Estas pistas de uns 12 metros não representam nada para eles. Nosso próximo projeto, esperamos, será colocá-los num cercado de uns 4.000 m2.”

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